O eleitorado brasileiro tomou a sua decisão: em 31 de outubro último escolheu, livre e democraticamente, a candidata Dilma Rousseff para Presidente da República. Uma mulher no mais alto posto do Brasil se constitui, por si só, num fato inédito em nossa História. Sintetiza e simboliza a ascensão feminina no conjunto da sociedade, um merecido reconhecimento à histórica luta das mulheres em nosso país e em todo o planeta. Parabéns ao povo brasileiro!
O Brasil escolheu avançar nas mudanças com Dilma
Finalmente uma homenagem à altura de figuras do porte de Anita Garibaldi, de Bárbara de Alencar, de Clara Camarão, das jovens guerrilheiras do Araguaia, entre tantas outras valorosas brasileiras. Mulheres anônimas ou famosas, de todas as classes, de todas as épocas e de todos os países se visualizam no descortinar da abertura das urnas neste segundo turno da eleição presidencial. Parabéns à luta das mulheres! Sem nenhum demérito à luta dos demais setores da sociedade.
Os méritos de Dilma, nossa Presidente eleita, não se resumem à questão de gênero. Trata-se de uma figura de destaque nos dois governos do Presidente Lula, onde exerceu um papel central, o que lhe credencia, nos planos político e administrativo, para encarar os novos desafios que o povo brasileiro lhe confiou. Somando-se a isso, sua trajetória de vida e suas convicções não deixam margem a qualquer dúvida: tem tudo para ser uma grande Presidente.
Por outro lado, a sábia decisão do eleitorado comporta ainda outro importante recado: por se tratar de um inevitável julgamento, o resultado das urnas implica na aprovação e na convalidação do governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar das dificuldades encontradas ao tomar posse em meio ao verdadeiro caos, em janeiro de 2003, diante de péssimos indicadores econômicos e sociais, além da herança maldita que encontrou, o seu elevado índice de aprovação no final do governo, superando a casa dos 80% em todas as regiões do país e em todos os segmentos da sociedade, fala por si só.
Foram aproximadamente 100 milhões de votos válidos. Destes, 55,7 milhões votaram em Dilma Rousseff e 43,7 milhões votaram em José Serra. Em termos percentuais, 56,5% para Dilma e 43,5% para Serra. Inúmeros motivos para festejar a democracia consolidada e o avanço social alcançado nos últimos oito anos. Tínhamos tudo para travar uma batalha de elevado nível político. Em outras palavras, para combater o bom combate.
Afinal, num país em que apesar das inaceitáveis desigualdades sociais e regionais, a tradição de seu povo é a mais fraterna solidariedade, é a convivência pacífica entre diferentes, uma eleição presidencial é para ser o coroamento desse espírito fraterno e pacífico, é para se constituir numa verdadeira festa desse povo tão extraordinário. Segundo o Presidente Lula, “no Brasil até israelenses e palestinos comem no mesmo prato”. Somos reconhecidamente um povo tolerante e amistoso.
Esperava-se um debate de alto nível, pautado pelas questões mais relevantes, como: qual o papel do Estado, num país de capitalismo dependente? A privatização de estatais estratégicas é o melhor caminho para fortalecer o Brasil? Qual o rumo do setor energético brasileiro na era do “Pré-Sal”? Qual o papel do Brasil na integração dos países da América Latina? Como assegurar a educação de qualidade e o acesso da juventude brasileira à universidade pública? Como estruturar as cidades? Como garantir a cobertura do sistema de saúde pública? Como tratar a questão da segurança pública?
Lamentavelmente, os mesmos setores que disseminaram o medo na eleição presidencial de 2002, dessa vez foram além, na sua irresponsabilidade: estimularam o ódio, disseminaram a mentira e o preconceito.
Mas o povo brasileiro, com sua sabedoria e sua tradição pacífica, soube dar o troco: serenamente, diante das tentativas de fomentar o separatismo, a intolerância e o preconceito, não poderia oferecer melhor resposta à elite ultrapassada.
Com o seu voto silencioso, soltou o seu grito, deixando a todos mais uma lição: a verdade venceu o ódio!
Thiago Escolastico,secretario de esporte, turismo e lazer, economista e vereador em Olho D`água do Borges pelo PCdoB
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