A pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira que traz os candidatos à Presidência José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) empatados tecnicamente, deve dar um novo fôlego à campanha tucana, avaliam analistas.
Segundo o levantamento, Serra tem 39% das intenções de voto, enquanto Dilma aparece com 38%. Na pesquisa anterior, realizada em maio, ambos tinham 37%. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
O resultado sugere uma leve recuperação de Serra frente a pesquisas recentes, de outros institutos, que trouxeram a candidata petista na liderança.
Na semana passada, uma pesquisa Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) trouxe, pela primeira vez, a candidata petista na liderança, com 40% das intenções contra 35% de Serra.
Copa do Mundo
O levantamento do Datafolha animou a cúpula do PSDB, obrigada a lidar não apenas com a oscilação negativa de Serra na média das pesquisas, mas também com a recente crise com seu principal aliado, o DEM, em torno da escolha do vice na chapa tucana.
O cientista político Humberto Dantas, da Universidade de São Paulo (USP), diz que é preciso "cautela" na comparação entre institutos e metodologias diferentes, mas que "certamente o resultado será um fôlego" para os tucanos.
"Serve como um fôlego, sem dúvida. Uma motivação para a equipe do candidato José Serra", disse o professor da USP, referindo-se a sua queda na média dos principais institutos.
Ainda segundo Dantas, o fato de a pesquisa ter coincidido com o fim da Copa do Mundo para a seleção brasileira é um momento "simbólico", pois agora "a campanha definitivamente começa".
Comparação
O cientista político Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília (UNB), diz que é natural os candidatos "capitalizarem" resultados favoráveis, apesar do "equívoco" de se comparar institutos diferentes.
"A essa altura da corrida eleitoral, as pesquisas ajudam a animar a militância e também a arrecadar recursos", diz.
"Mas em termos de conclusão a respeito de uma tendência, a comparação entre institutos diferentes é um caminho equivocado", diz.
Um exemplo, segundo Barreto, é a análise da própria pesquisa Datafolha, que mostra José Serra praticamente estável desde o final do ano passado, enquanto Dilma Rousseff vem em uma tendência de alta.
O professor da UNB discorda da análise de parte de tucanos, segundo a qual o resultado do Datafolha seria um reflexo da exposição de Serra em inserções recentes do PSDB no rádio e na TV.
"Eu não chegaria a essa conclusão tão facilmente", diz. "É preciso lembrar que, na análise apenas do Datafolha, Serra está estável. Ou seja, o fato de estarem empatados não foge da tendência da pesquisa", diz.
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