quinta-feira, 11 de março de 2010

Entenda a crise financeira mundial


Turbulências começaram com calotes no pagamento das hipotecas de casas nos EUA

Ivone Portes, do R7.Texto: ..A crise financeira mundial começou com a inadimplência no pagamento das hipotecas de casas nos Estados Unidos. Com o juro baixo e o excesso de crédito no mercado norte-americano, houve uma valorização no valor dos imóveis dos EUA, o que estimulou a busca de financiamentos para a compra de casas próprias, principalmente entre a baixa renda. Para financiar esses novos compradores, os bancos captavam recursos no mercado por meio da oferta de instrumentos financeiros atrelados às hipotecas de imóveis.
Só que os juros voltaram a subir nos EUA, para combater o avanço da inflação. A alta dos juros provocou um aumento no valor das mensalidades das casas próprias, enquanto que o preço dos imóveis começou a cair. Com isso, houve um salto na inadimplência e os títulos que eram garantidos pelas hipotecas perderam valor.
O problema se alastrou para todo o mundo e atingiu o ápice em setembro de 2008, desencadeando prejuízos bilionários aos bancos e até quebra de instituições financeiras, como a do Lehman Brother. A partir daí houve um movimento de consolidação, com alguns bancos comprando outros que estavam com problemas financeiros - é o caso, por exemplo, do Merrill Lynch, adquirido pelo Bank of America. Além disso, o governo dos EUA teve que injetar dinheiro no sistema financeiro para evitar novas quebras de instituições financeiras. Na Europa, os governos da Alemanha, França, Espanha, Reino Unido e de Portugal, além de outros países, também anunciaram ajudas bilionárias aos bancos.
Tudo isso provocou uma crise de confiança nos mercados, o que teve impacto, principalmente, na quantidade de dinheiro disponível em todo o mundo. Ou seja, devido ao medo de calote, os bancos não quiseram mais emprestar dinheiro. Por isso, para conseguir empréstimos, empresas e também pessoas físicas passaram a pagar juros muito mais altos. O encarecimento do crédito paralisou os planos de investimentos das empresas e levou também a população a consumir mesmo.
Crédito ao setor privado cai na zona do euro
..Menos investimentos significam também menor capacidade de expansão das economias, pois as empresas não têm mais como financiar seu crescimento. O resultado direto disso é a redução de emprego, o que, por sua vez, diminui a capacidade de consumo das pessoas. Tudo isso reflete no desempenho da economia nacional.
No Brasil, os reflexos da crise foram menores, porque o país já contava com um sistema financeiro mais rigoroso, em razão de crises vividas anteriormente, como as mudanças de planos econômicos e de moedas. Entretanto, a economia brasileira não ficou nem ficaria ilesa, porque a recessão nos EUA e em países da Europa de certa forma reduz a demanda por produtos brasileiros. Essa queda na venda de mercadorias para o exterior causa perdas aos exportadores brasileiros, diminuindo suas receitas. Além disso, a tendência é que países como os EUA e Espanha, que chegaram a entrar em recessão, invistam menos em empresas no Brasil.
Quando falamos em mercado financeiro, embora a bolsa de valores de São Paulo tenha mostrado recuperação desde o ápice da crise, vale ressaltar que os negócios com ações hoje são praticamente globalizados e os investidores estão atentos aos movimentos no exterior. Por conta disso, há muito mais cautela no mercado, o que inclui a decisão das empresas de lançarem ações na bolsa

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