sexta-feira, 25 de junho de 2010

AGORA QUEM MANDA É O BRASIL

Durban (AG) — Já classificado para as oitavas de final, o Brasil enfrenta hoje Portugal (11h, horário de Brasília), no belo Estádio Moses Madhiba, para confirmar o primeiro lugar do Grupo G. Um empate basta, mas para continuar firme na trilha do hexa é bom a seleção não perder. Além de alterar toda a logística já desenhada, a derrota pode ser um mau presságio. Afinal, sempre que foi campeão mundial, o que já aconteceu cinco vezes, o futebol brasileiro passou incólume pela primeira etapa da Copa. A última fez que foi derrotada na fase de grupos foi em 1998 (Noruega 2 a 1). Depois, o Brasil acabou sendo atropelado pela França na final.

No último treino antes da partida final da primeira fase, os jogadores brasileiros retribuíram o carinho da torcida africana e distribuíram apertos de mão e autógrafosÉ verdade que a seleção já deixou de ganhar a Copa mesmo quando passou invicta pela primeira fase. Foi assim, por exemplo, em 74, 78, 82, 86, 90 e 2006, só para ficar nos exemplos mais recentes. Em 98, o Brasil chegou à última rodada em situação semelhante à atual. Já estava classificado e com o primeiro lugar praticamente assegurado. Zagallo escalou alguns reservas e o time perdeu. Ninguém deu muita importância na época, depois deu no que deu.
Hoje, contra os portugueses, uma derrota deixará o Brasil em segundo lugar no Grupo G, o que significa jogar as oitavas na Cidade do Cabo e não em Johannesburgo, onde está montado o quartel general brasileiro. Se confirmar a liderança, a seleção ficará aguardando seu adversário, o segundo do Grupo H, que pode ser Espanha, Chile ou Suíça.
Garantindo o primeiro lugar, o Brasil terá, teoricamente, uma caminhada mais tranquila até a decisão. Só cruzará, por exemplo, com a Argentina, que teve 100% de aproveitamento na primeira fase, se chegar à decisão. Passando pelas quartas (enfrentará, provavelmente, Holanda ou Eslováquia), poderá ter pela frente nas semifinais o Uruguai, que, passando pela Coreia do Sul nas oitavas, jogará contra o vencedor de Gana x EUA nas quartas de final.
 Em Copa do Mundo não se pode ficar escolhendo adversário. O Brasil tem que vencer sempre. Até porque todo mundo está vendo que todas as equipes que estão aqui têm seus méritos— disse o treinador brasileiro.
Diferentemente do que fez Zagallo em 98, Dunga, que era o capitão na Copa da França, não pretendia mexer no time, mas acabou sendo forçado a isto pelo destino. Kaká foi expulso contra a Costa do Marfim (foi a terceira expulsão na carreira do craque) e Elano se machucou. Assim, Júlio Baptista, que ainda não atuou na África do Sul, e Daniel Alves, o 12 jogador da seleção, vão começar jogando.
Apesar das mudanças, o Brasil não deverá mudar muito suas características. Ou seja: manterá a posse de bola na maior parte do tempo, arriscará pouco e ficará esperando Portugal para utilizar sua principal arma, o contra-ataque fulminante.
Muito contestado, Júlio Baptista tem a missão de substituir o principal jogador do Brasil. Nome constante nas convocações de Dunga, o meia do Roma tem os fatos a seu favor. Mesmo sendo considerado um jogador sem recursos suficientes para ser o camisa 10 da seleção, Júlio Baptista, sempre que precisou, deu conta do recado. Em 2007, na Copa América, jogou na vaga de Kaká, que não foi à Venezuela. Foi bem e coroou sua atuação com um golaço sobre a Argentina na final, o primeiro da vitória de 3 a 0, em Maracaibo.
Também foi decisivo diante do Equador, em Quito, pelas eliminatórias. Entrou no lugar de Ronaldinho Gaúcho e, na primeira vez que tocou na bola, fez o gol do empate de 1 a 1. Depois, ainda fez um dos gols na vitória de 4 a 2 sobre o Chile, em Salvador, quando o Brasil estava com 10 homens em campo.
— O Júlio Baptista vai jogar onde mais gosta, ou seja perto do ataque para poder aproveitar seu forte chute — elogiou Dunga.
Portugal se encontra em situação tranquila. Mesmo que perca, só deixará a África do Sul se a Costa do Marfim, que joga na mesma hora em Nelspruit, golear a já eliminada Coreia do Norte. No momento, os portugueses têm quatro pontos e saldo positivo de sete gols. Já os marfinenses têm apenas um ponto e saldo negativo de dois gols. Como sua equipe ainda não está matematicamente classificada, o técnico Carlos Queiroz confirmou que vai escalar sua força máxima, inclusive Cristiano Ronaldo, que já tem um cartão amarelo e ficará de fora da partida das oitavas se voltar a ser advertido amanhã.
Sob o comando de Dunga, que assumiu em agosto de 2006, a seleção enfrentou Portugal duas vezes. Perdeu em Londres, em 2006, por 2 a 0, e goleou em novembro de 2008, em Brasília, por 6 a 2. Esta, aliás, foi a última derrota de Portugal, que só conseguiu a vaga para o Mundial na repescagem europeia após bater a Bósnia.

Dunga justifica palavrões

Johannesburgo (AG) — Bem mais tranquilo do que na última coletiva que concedeu na África do Sul, após a vitória de 3 a 1 sobre a Costa do Marfim, quando balbuciou palavrões em direção ao jornalista Alex Escobar, da TV Globo, Dunga aproveitou para pedir hoje desculpas ao torcedor brasileiro por seu destempero. Mas em momento algum se dirigiu aos jornalistas brasileiros.

— O torcedor brasileiro não tem nada a ver com os meus problemas pessoais. Não tem que ouvir meus desabafos. Quero pedir desculpas pelo meu comportamento. Só quero que me deixem trabalhar — disse Dunga.

A entrevista coletiva foi realizada poucos minutos depois da derrota da Itália para a Eslováquia. E o treinador brasileiro não pareceu surpreso com a eliminação da atual campeã do mundo. Para ele, não há mais surpresas no futebol atual.

— Todo mundo brinca que o futebol é uma caixinha de surpresas, mas hoje nada surpreende mais. Você tem que estar preparado para evitar surpresas. Acabou esta história de tradição. O que vale é o que acontece dentro do campo — frisou.

Como sempre faz quando um jogador da seleção é criticado, Dunga saiu em defesa de Kaká que, segundo um jornalista, estava visivelmente tenso na partida contra a Costa do Marfim:

— Respeito a sua opinião, mas para mim o Kaká estava bem tranquilo. O primeiro cartão amarelo ele recebeu porque falou com o juiz após receber uma série de faltas. No segundo, a televisão já mostrou diversas vezes que foi o adversário que veio em sua direção. De qualquer maneira, sempre batemos na tecla da importância de o Brasil sempre terminar as partidas com 11. Quando isso acontece, meio caminho já está andado.

Como o Brasil já está classificado, Dunga deixou a escapar que Elano será poupado. Depois tentou voltar atrás. E seguida, disse que a vitória de 6 a 2 sobre Portugal em novembro de 2008 não teria qualquer influência no jogo de logo mais.

— O que passou ficou para trás. O que interessa é jogo de Copa do Mundo.

Dunga se emocionou ao falar sobre o pai, que está internado em um hospital de Porto Alegre com Mal de Alzheimer. Disse que o problema do pai, que já se arrasta há vários anos, é mais um estímulo para ele fazer bem seu trabalho.

Números falam em ofensividade

Durban (AG) - A seleção brasileira pode ainda não ter se transformado no modelo de ofensividade que o torcedor gostaria. No entanto, numa Copa do Mundo marcada por cuidados defensivos, marcação forte e valorização do contra-ataque, o time de Dunga se destaca por ser um dos mais ofensivos e pela valorização da posse de bola. Pelo menos é o diagnóstico que pode ser feito a partir das estatísticas oficiais da Fifa. Segundo os dados, o Brasil tem o maior índice de passes certos, está entre os times que mais chutam e atacam na competição, além de, pela qualidade dos jogadores, privilegiar o lado direito do campo.

Os números indicam que a seleção brasileira acerta 83,41% dos passes que tenta em cada partida. Com folgas, tem o melhor índice, seguida pela Holanda, com 78,69% de acertos. O Brasil lidera também no quesito chamado pela Fifa de passes curtos e médios. Já nos lançamentos, só é superado pela Espanha no percentual de acertos. Amanhã, terá pela frente Portugal, que também se destaca pelo acerto nos passes: tem 77,06% de eficiência e é o quinto melhor da Copa do Mundo neste quesito.

— No último jogo, no gol do Luís Fabiano, a seleção tocou 15 vezes seguidas na bola sem que o adversário desarmasse. Em outro momento, foram 25 passes sem Costa do Marfim tocar na bola — elogiou Dunga.

Para um time que tem valorizado o passe, outro dado que ganha relevância é a distância corrida pelos jogadores. O Brasil é um dos times cujos atletas, em média, menos correm com a bola nos jogos: são 45,5 km por jogo, oitavo colocado.



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